sábado, 12 de janeiro de 2013

Prólogo


Estava há uns metros de mim. Eram esses metros que me separavam de um solitário abismo. Fascinava-me. Surpreendia-me. Estava lá, você, parado, olhando para o nada. Vi em você algo que poucos podiam ver. Afinal, as pessoas vêm o que querem e se conectam apenas a parte boa de alguém. Eu queria todas as suas partes, sejam elas perfeitas, boas, ruins, miseráveis. Olhei em seus olhos. Eles pareciam-me perdidos, sem vida, clamavam socorro. Tentei me aproximar, porém você correu até seus pulmões explodirem sem ar.
Porque? Responda-me. Porque?
Não pude suportar ver sua tortura, tinha que ir atrás. E, cada vez mais, havia algo que me fazia aproximar de você.
Ao encostar um dedo, apenas um dedo em você, parece que fui jogada para uma dança. Era algo confuso. Havia horas que estávamos grudados um ao outro, outra hora, parecia que você torturava-me e vice versa, e ainda outra, que nos repelíamos. Foi algo quase insuportável. Doeu-me. Doeu-me mais ainda quando acabou, porque virou-me as costas e foi embora. Porém, aquilo era apenas o início...

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